
12 nov As 36 horas em Valparaíso que não bastaram
Assim que eu cheguei em Valparaíso, mandei um whatsapp para um amigo “tem 15 minutos que eu cheguei na cidade e já estou apaixonada, como é possível?”. Eu não havia previsto essa paixonite – nem a quantidade de coisas que tem para ver nessa pequena cidade, na verdade – então reservei só um dia e meio nessa minha viagem para o Chile. Foi pouco. Cada passo que eu dava deixava um gostinho que quero mais.
Valpo – já me sinto íntima – não é uma cidade para conhecida assim na pressa. Uma das coisas legais de lá são os grafites espalhados por todos os lugares. É gostoso andar de uma rua a outra, parando, olhando, tirando fotos. Além disso, a cidade é formada por cerros, ou morros. Definitivamente, não é para ir correndo.
Como chegar
Partindo de Santiago, é a coisa mais fácil do mundo. Os ônibus da Pullman, TurBus, Condor, Romani e outras viações partem a cada 10-20 minutos dos terminais San Borja (metrô Estación Central), Alameda e terminal Sul (metrô Universidad de Santiago) e Pajaritos (metrô Pajaritos). A passagem custa entre 2000 e 7000 pesos (10 e 35 reais). No Chile, os preços das passagens de ônibus variam conforme a demanda, assim como as de avião no Brasil. Para Valparaíso, os preços sobem no verão, nos fins de semana e feriados.
O que fazer em 36 horas
Se você chegar de manhã em Valparaíso, pegue logo de cara um walking tour: com isso vai percorrer grande parte da cidade e conhecer os principais pontos. Eles saem no final da manhã do centro da cidade. Depois, almoce e visite a casa do Pablo Neruda – pegue um micro (um ônibus urbano) para economizar tempo e energia. Na volta, não deixe de perambular um pouco pelos cerros Concepción e/ou Alegre. É lá onde rola a vida noturna porteña (sim, o pessoal daqui é porteño, igual o de Buenos Aires), muita movimentação de gente, artistas de rua, é bem interessante. No dia seguinte, dê uma volta nos pontos que o tour não cobre: muitos não passam pelo Museo a Cielo Abierto, pelo ascensor Artillería nem entram nos museus.
Se você chegou de tarde, inverta: vá conhecer a La Sebastiana (a casa de Neruda), circule pela noite porteña e na manhã seguinte pegue o walking tour.

Um dos pontos visitados no walking tour

La Sebastiana
Walking tour
Andar a esmo por Valparaíso é uma delícia e eu me dedicaria a isso por dias, mas saber os “causos” por trás de alguns painéis – um pouco da história “oficial” da cidade – faz muita diferença. E tem causo feliz, causo trágico, muita luta social nos muros, escadas, no chão e onde mais couber tinta. Cidade artista e independente, por lá chovem os walking tours baseados em gorjetas. Eu escolhi o Free Tour Valparaiso e foi ótimo. São três horas de caminhada pelo Centro, cerros Concepción e Alegre. O guia Álvaro foi incansável em contar a história e as historinhas de Valparaíso, super atencioso e simpático. No final é sugerida uma gorjeta opcional de 5000 pesos (25 reais). Não rola uma pressão por parte do guia por esse valor, que eu achei super justo e foi uma das granas mais bem gastas da viagem.
Valparaíso: caótica e apaixonante
Imagino que nem todo mundo caia de amores por esse lugar. Ao contrário de Santiago e da sua vizinha Viña del Mar, organizadas e bem “européias”, Valparaíso é caótica: os grafites vão surgindo desordenadamente, as paredes das casas estão descascando pelo salitre e pelo descuido. A cidade tem um charme meio decadente que me ganhou assim de cara.

Dá para não amar? Eu não consegui.
As casinhas de zinco coloridas são um charme à parte. O zinco é para protegê-las da maresia, todo mundo concorda, mas o fato de elas serem coloridas levanta várias teorias. Tem gente que diz que os donos de barco pintavam a fachada das casas com a tinta que sobrava das embarcações, ou pra não desperdiçar ou para combinar. Outros dizem que, como é uma cidade portuária e o pessoal passa muito tempo fora, os marinheiros/estivadores pintavam as casas de uma cor vibrante para facilitar “ah, a minha é a casa azul”. Uma variação dessa teoria, que eu adorei, é que os mesmos chegavam frequentemente bêbados e a cor das casas ajudava a não bater na residência errada. Seja qual for o motivo, isso deixou Valpo superfotogênica, dá vontade de levar no bolso. Nos cerros Alegre e Concepción que estão as casinhas de zinco melhor conservadas, alem da maioria dos cafés e restaurantes e o fervo turístico em geral.

Escadaria Beethoven
Valpo tem alma de artista, é uma cidade que dorme tarde e acorda tarde. Os comércios que abrem mais cedo são as cafeterias que servem café da manhã, que não abrem (pasmem) antes das 9h. No dia que eu fui do Cerro Alegre para o Centro um pouco antes das 10h da manhã, Valparaíso parecia uma cidade fantasma.
Onde comer
Aqui é aquela cidade artista onde quase tudo tem um toque artista, cool e… caro. Se você está com o bolso folgado, aproveite, pois é um polo gastronômico onde pipocam novos talentos a cada estação. Se você não está podendo, baixe o nível. Isso mesmo, desça os cerros e vá para o nível do mar. ‘El plan’, a parte perto do porto, estão os restaurantes mais baratos, as chifas (restaurantes de comida “chinesa”) e os menús del día com precinho camarada.
Onde ficar
Dessa vez eu troquei o couchsurfing e os hostels por um hotelzinho porque estava acompanhada pela minha mãe. Escolhemos um bed & breakfast simples mas super agradável, silencioso e com o café da manhã gostoso: o Allegretto. Ele fica no Cerro Alegre – que por acaso tem esse nome porque antigamente lá era a região de prostituição da cidade. Para as migues que viajam sozinhas, uma dica: el plan, alí, o centrinho perto do porto, é meio perigoso à noite. Fique atenta se for escolher um alojamento praquelas bandas.
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A conversão foi de 1 real equivalente a 200 pesos chilenos, que era o câmbio praticado no centro de Santiago em novembro de 2017.
Ruth Lima
Posted at 21:46h, 28 fevereiroAmei o post e as fotos!!!
Mila Pereira
Posted at 09:58h, 01 marçoObrigada! <3 <3