Trilhas e una playita: Parque Nacional Huerquehue, no Chile

22 dez Trilhas e una playita: Parque Nacional Huerquehue, no Chile

O Parque Nacional Huerquehue é uma escapada muito fácil para quem está em Pucón, no Chile. Fica a 35 quilômetros do centro da cidade, tem transporte público direto, bastante oferta de alojamento, trilhas de diversos níveis e umas paisagens que dá vontade de conferir. Quando eu e o Max – meu companheiro nessa viagem pelo Chile – decidimos finalmente ir a Pucón, dar uma esticadinha em Huerquehue foi quase inevitável.

Lago Tilquilco e, ao fundo, o vulcão Villarica. Essa é a vista do segundo mirador (o primeiro é a mesma coisa, só que mais baixo e não dá pra ver tão bem).

Nosso plano inicial era fazer dois dias de trilha, o primeiro com o equipamento (barraca, roupa, tudo) nas costas até o Refúgio Renahue, acampar por lá e fazer um segundo dia de caminhada – mas sem equipamento. Só que chegando no parque, soubemos que uma parte da trilha estava interditada por causa do degelo. Fizemos o trecho que deu, que na realidade é a principal trilha do parque: o sendero Los Lagos.

O sendero passa pelos lagos Verde, Chico e Toro e tem alguns desvios (curtos) para umas cachoeiras. Em média são três horas de ida, numa subida constante mas que não exige conhecimento técnico, só força nas pernas. E a volta é só alegria, duas horinhas descendo.

Inicialmente eu fiquei triste por não poder fazer o percurso todo. Mas quando eu comecei a subir, me dei conta que esse negócio de ter passado um mês sedentária (por conta da viagem anterior e uma gripe que eu peguei voltando para a minha querida e poluída São Paulo) me deixou bem menos fitness do que a minha maravilhosa auto-estima queria acreditar. Ou seja, se eu tivesse que enfrentar a trilha completa com dez quilos de equipamento nas costas, iria simplesmente ter um déjà vu da Travessia Petrópolis-Teresópolis: chegaria ao fim do sendero arrependida do dia em que eu nasci.

Lago Chico, a segunda vista UAU da trilha

Lago Esqueci o Nome. Perdoem

O Parque Nacional Huerquehue é muito bem cuidado e os senderos estão em ótimo estado. Dá tranquilamente para fazer a trilha sozinha – inclusive vi algumas mulheres solo – é seguro e bem sinalizado. Mas se você é daquelas que se perde até dentro de um elevador (assim como eu), prefira ir em alta temporada ou feriados prolongados, que há um fluxo permanente de pessoas pelos caminhos.

Quanto custa: a entrada para estrangeiros é de 5.000 pesos (R$ 24,50) de novembro a março e 2.500 pesos (R$ 12,25) de abril a outubro.

Como chegar: os ônibus saem do terminal de buses Caburgua (calle Uruguay 540, Pucón) às 8h30, às 13h e às 16h e chegam na porta do Parque Nacional Huerquehue. Para a volta, os horários são 9h30, 14h10 e 17h10. O ticket de ida e volta custa 3.600 pesos (R$ 17,60). É um ônibus urbano, não precisa comprar antecipado. Se acabam os assentos, vai gente em pé. Vale a pena chegar com uns quinze minutinhos de antecedência para garantir uma poltrona. O percurso dura uma hora.

Onde dormir: aqui tem uma pegadinha do malandro. À primeira vista parece que só tem uma opção de hospedagem, que é o camping “oficial” administrado pelo CONAF (Corporación Nacional Forestal). Na realidade ele é o único camping que fica dentro de Huerquehue, mas na “fronteira” do parque tem alguns campings particulares que são mais baratos. A gente optou pelo Olga e foi muito muito bom. As instalações são ótimas, é limpo e a gente se sentiu como se estivesse acampando na casa de amigos A diária custa 10.000 pesos (R$ 49) para duas pessoas com uma barraca. O banho quente é cobrado à parte e custa 500 pesos (R$ 2,45).

A gente tinha ficado meio balançado pelo preço, mais barato que o camping do CONAF, mas a Yatti, uma moça super simpática que administra o Olga, convenceu a gente quando disse que “hay una playita” no camping.

Por-do-sol na “playita” do lago Tinquilco, no camping Olga. Nesse momento fazíamos jantar à “beira-lago” com comida típica de regiões de trilha: feijão pronto em caixinha. Atentem para o fato de que em dezembro na região da Araucanía anoitece entre umas 21 e 22h e jantar a essa hora depois de fazer trilha durante o dia foi a prova inquestionável de que o melhor tempero é a fome. Foi um feijão de caixinha três estrelas Michelin.

Chalezinhos pra alugar no camping Olga, que eu não utilizei pois sou roots e fiquei na barraca 😛

A conversão de peso chileno para real foi de 204 para 1, a cotação das casas de câmbio de Santiago no início de dezembro de 2017.