É perigoso fazer safári no Kruger Park?

perigoso safari

É perigoso fazer safári no Kruger Park?

A gente imagina que fazer safári é perigoso: é um ambiente inóspito, onde a gente acampa no meio do nada, um leão pode atacar a qualquer momento e há risco de ser picado por um mosquito e contrair uma doença incurável. Um lugar onde ninguém pagaria para estar.

A descrição acima é a coisa menos parecida com um safári no maior parque da África. O Kruger Park é moderno e tem uma enorme infraestrutura que garante conforto e segurança em mais de 30 camps com alojamentos, lojas, postos de gasolina, restaurantes, etc. Além disso, há regras estritas do que pode e não pode ser feito durante os safáris. Seguindo essas orientações, o risco de incidente é praticamente zero.

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Filial da cafeteria Mugg & Bean dentro do Kruger

 

Fazer um safári é mais seguro que ir de ônibus pro trabalho. Não está convencida? Se liga nas perguntas e respostas abaixo.

Eu corro o risco de pegar malária, febre amarela ou ebola?

Muita gente pensa os países da África são a mesma coisa e que se uma doença existe lá na Somália pode ser contraída em uma viagem para África do Sul. Isso não acontece. O país é bastante desenvolvido nesse assunto e inclusive já erradicou doenças que aqui no Brasil ainda são um problema, como a febre amarela.  

  • Risco de contrair ebola: zero

O país não é nem nunca foi área de risco da doença. Nunca foi registrado nenhum caso de ebola na África do Sul.

  • Risco de contrair febre amarela:  zero

O país não é área de risco da doença. Os brasileiros que entram no país devem apresentar CIV (Comprovante Internacional de Vacinação) contra febre amarela porque o Brasil é área endêmica e o governo quer se certificar que a doença não chegue lá. 

  • Risco de contrair malária: baixo a moderado no Kruger Park e zero no resto do país

Tomando as precauções necessárias no safári (repelente e uso de roupas compridas) a chance de pegar a doença em um safári é beeem baixa. Não existe vacina contra a malária, mas algumas pessoas tomam medicamento (umas pílulas) que ajudam a evitar a contaminação. O resto do país não é área endêmica da doença, não há risco. 

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A gente usava manga comprida mais pelo frio que pela malária

 

A minha experiência: eu usei calça comprida e camisa o tempo inteiro, mais por causa do clima (fiz o safári em abril – outono) do que pela malária. Algumas pessoas do grupo tinham tomado o tal medicamento de prevenção, mas eu não tomei. Os guias recomendavam insistentemente que a gente passasse bastante repelente sempre. Para dormir eu usava pijama de manga comprida, meias e dava aquele retoque de repelente antes de deitar. 

Não é perigoso andar no meio dos animais com um carro aberto?

Apenas agências de turismo podem andar em carro aberto – porque são certificadas pela administração do parque, têm guias treinados e bla bla bla. Quem faz safári por conta (em carro próprio ou alugado) deve andar em carros “normais” com as janelas fechadas. É terminantemente proibido descer do carro e é recomendado não fazer barulho nem tentar chamar a atenção do animal com movimentos

Essas regras existem porque os animais não se atraem pelos carros. Por isso não é perigoso andar no meio dos animais com um carro aberto (desde que com guias e cumprindo os protocolos de segurança). Os bichos veem os carros como geringonças barulhentas e fedidas. Não como comida. Então dentro do carro você está protegido.

 

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Carros abertos do safári

 

A minha experiência: os animais não estão NEM AÍ pra você dentro do carro, eles estão mais interessados em dormir, comer ou cruzar.

Dormir dentro no Kruger Park não é perigoso? Corro o risco de ser atacada?

Não é perigoso pelo simples fato de que você não dorme na área de safári. No Kruger, existem dois espaços, um “dos humanos” e outro “dos animais”.

  • Área de safári: a maioria do parque, onde os animais estão soltos, seu habitat. Não há nenhuma infraestrutura de restaurante e alojamentos – é apenas a selva e as estradas. Camping e picnics são terminantemente proibidos e os visitantes só podem ficar por lá durante o dia. Nessa área a gente tem que ficar dentro do veículo e obedecer as instruções de segurança – pois os animais estão soltos. 
  • Camps: é a área dos humanos. Nos camps estão os restaurantes, os alojamentos, mercados… toda a infraestrutura para o visitante. Essas áreas são como “ilhas”, protegidas com cercas elétricas e nos portões há guardas munidos com armas de tranquilizantes. Tudo isso para que nenhum animal entre na “área dos humanos” e você não tope com um elefante na porta do seu quarto.

A minha experiência: dentro dos camps as pessoas circulam livremente, sem preocupação, e não há animais, fora macaquinhos e uns pássaros. O “ataque” mais perigoso que pode acontecer dentro do camp é um macaco tentar roubar sua comida (e eles fazem isso hahaha).

Os animais não chegam muito perto?

Os animais não tem nenhum interesse em se aproximar dos carros, que são barulhentos, fedorentos para eles . O que pode acontecer é um animal vir na direção do carro por acaso, seguindo o caminho dele para outro lugar. Nessa situação, a recomendação é simples, desviar o carro. Fazendo isso, a probabilidade de incidente é quase zero. A grande maioria dos ataques acontecem com ou turistas ou guias que ignoram as recomendações de segurança, se aproximam demais ou tentam chamar atenção dos bichos.

elefante atravessando rua de terra e carro ao fundo - perigoso safari

Se encontrar um elefante atravessando a rua, pare e deixe ele passar <3

 

A minha experiência: os animais não se aproximam do carro por iniciativa própria. Quando por acaso o carro estava no caminho de algum deles, a guia simplesmente desviava e estava tudo certo.

Para quem ainda assim se sente insegura recomendo contratar um safári com uma agência, pois um guia experiente é capaz de “ler” cada situação com bastante precisão e identificar se um animal está se sentindo ameaçado ou se comportando de maneira “estranha”.

Eu vi um vídeo de um elefante atacando um carro! E se acontecer comigo?

A internet tá cheia de histórias horríveis do bebê que foi atacado por um leão, do casal de turistas pisoteados por elefantes, do guia comido por um leopardo, entre outras.  Algumas são verdade – já aconteceram acidentes no Kruger – mas é muuuuuito raro. Mais de um milhão e meio de pessoas visitam o parque a cada ano e desde a sua criação (em 1926) os acidentes fatais somam menos de duas dezenas. Milhões e milhões de pessoas visitaram o parque, saíram ilesas e isso não virou notícia. Mas o leopardo que atacou o guia sim, vira notícia, e a gente tem a impressão de que isso acontece o tempo todo. Estatisticamente, é mais perigoso andar de elevador que fazer um safári. Mais gente se acidentou ligando o microondas dentro de casa que em um safári. Se você não desobedecer as regras de segurança,  o risco de acontecer algo ruim é quase zero. Não se deixe impressionar por essas “horror stories” da internet.

A minha experiência: voltei viva, com todas as partes do meu corpo intactas, sem nenhuma experiência desagradável e passo bem.

Dica extra: segurança em caminhadas e safáris noturnos

Existe dois tipos de passeio além do safári regular: são os bush walks (safaris a pé) e os night drives (safári noturno). Por serem atividades que requerem mais medidas de segurança, são feitas exclusivamente por guias do Kruger. Os guias de agência não podem fazer e turistas sozinhos, então, é mais que proibido!

hiena no meio de estrada de terra de noite - perigoso safari

O safári noturno é feito em carro aberto e tem um holofote para a gente poder ver os animais – como essa hiena

 

  • Bush walks: são caminhadas à pé, de dia, pela área de safári (onde os animais estão soltos). São conduzidas por guias munidos de armas com tranquilizantes e atiram caso algum perigo se aproxime. Porém isso é muito raro, pois os bush walks não são feitos nas áreas onde tem búfalos, leões, elefantes… enfim, qualquer animal que possa ameaçar a integridade do grupo. O objetivo do bush walk é ver as plantas, insetos, pegadas e outros detalhes que a gente não consegue ver (ou não presta atenção) quando está dentro do carro
  • Night Drive: durante à noite os portões são fechados e não é possível entrar na área de safári (nem por conta nem com a sua agência). A exceção é o night drive, que é o mesmo esquema do safári diurno (em carro aberto, com guias) porém é feito de noite. Vão dois guias no carro, um que dirige e outro que controla um holofote e fica procurando os animais. O objetivo é conhecer o hábito noturno deles, inclusive alguns só saem da toca de noite. Mas não pense que o leopardo vai te atacar aproveitando que “tá escurinho e ninguém vai ver”.  Assim como de dia, os animais não se interessam pelo carro e se você seguir as orientações de segurança (e os guias pegam mesmo no pé) não tem perigo. 
perigoso safari

O ponto alto do night drive foi ver esse leopardo – que estava tirando uma soneca

 

A minha experiência: eu fiz apenas o night drive, não fiz o bush walk – não por medo, mas porque só cabia um passeio desses no meu roteiro e eu tive que escolher. Novamente, os animais não se aproximam por vontade própria do carro (nem de dia, nem de noite) e os guias são muito bem treinados para evitar de qualquer ameaça.

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