Quatro restaurantes para comer bem e barato em Lisboa

Quatro restaurantes para comer bem e barato em Lisboa

Faca & Garfo

“Vou te levar para comer o meu prato preferido em Lisboa”. Rodrigo, meu amigo que me hospedou em terras lisboetas, anunciou assim que eu cheguei. E fomos andando para o Faca & Garfo, no bairro do Chiado. Ele passou o caminho todo falando o quão maravilhoso era o polvo à lagareiro, que eu nem tive dúvidas do que pedir quando cheguei. Só olhei o cardápio para ver o preço: 12 euros. Muito justo, pode trazer. E uma jarra de vinho da casa para acompanhar. O restaurante caiu no gosto dos turistas mas continua administrado pela mesma família e tratando os clientes assíduos pelo nome. “O de sempre, Rodrigo?”, perguntou o garçom, que é sobrinho do casal dono do estabelecimento, quando a gente chegou. Os outros pratos principais de sardinha, alheira (um tipo de linguiça portuguesa) ou bife ao vinho do porto, custam entre 8 e 10 euros.

Rua da Condessa, 2 – Chiado

Aberto de 2ª a sáb, das 11h às 23h

Foi assim que a capital portuguesa me recebeu gastronomicamente: de um jeito que não dá nem vontade de ir embora. Lisboa tem uma combinação muito particular que permite aos mochileiros brasileiros serem felizes à mesa: mesmo cobrando em euro cabe no nosso bolso, tem uma variedade enorme de sabores locais e a gente ainda entende o idioma do cardápio.

A Tendinha

Depois de oito dias em Lisboa meus jeans fechavam com dificuldade, a despeito das muitas ladeiras que eu subi. O problema é que não é só o almoço e o jantar que são bons por lá, a gastronomia portuguesa tem um monte de belisquinhos que vale a pena provar – e provar novamente. O mais famoso é o bolinho de bacalhau, mas também tem os rissoles e os croquetes, isso para não falar nos pastéis de nata (ou pastéis de belém, como chamamos no Brasil). Não tem balança que se mantenha indiferente.

vitrine de vidro com pastéis de nata e um pastel de nata em prato no balcão - restaurante barato em Lisboa

O pastel de nata é só uma das muitas delícias incontornáveis da capital portuguesa

No quesito coisinhas para beliscar A Tendinha foi o lugar que conquistou meu coração, por vários motivos. Por razões práticas, o bolinho de bacalhau custa 1,30 euro e é delicioso. Tem também sanduíche de bifana (porco), rissole de camarão e mais um monte de opções que ficam expostas no balcão de inox. Na dúvida do que escolher, peça vários, a fritura é sequinha e não pesa na barriga – nem no bolso.

Por razões turísticas-históricas, A Tendinha foi fundada em 1840 e é o último botequim do bairro do Rossio. Tem até um fado em homenagem ao “templo da pinguinha”, que conta que os fadistas chegavam, já bêbados, enquanto fidalgos e artistas iam ocupar as horas mortas a cantar naquele bar.

O lugar tem aquele clima de boteco “raiz”, onde o garçom trabalha há 20 anos lá e se sente em casa. Ele pode te atender rabugento ou virar seu melhor amigo em cinco minutos, depende do humor (dele). Tanto a cerveja Imperial quanto a taça de vinho custam 1,30 euro. Lá também é servida a famosa Ginjinha – um licor feito a partir da ginja (algo como uma cereja) que é muito popular em Portugal – por 1,40 euro.

Praça Dom Pedro IV, 6 – Rossio

Aberto de 2ª a 6aª das 7h às 21h e sáb das 7h às 19h30

Lua da Bika

Lisboa é uma cidade para ser explorada a pé. Com exceção do bairro do Belém, todos os pontos turísticos estão a uma distância caminhável entre si. Além de ajudar a queimar as calorias da infinidade de maravilhas que a gente come, ainda acaba conhecendo uns cantinhos interessantes assim por acaso.

Foi assim que eu fui “apresentada” ao Lua da Bika. Depois de subir uma escadaria que não tem mais fim, a caminho da Tasca do Chico, eu me deparei com uns preços convidativos e um jeito que era meio boteco pé de chinelo brasileiro, meio barzinho vintage de Lisboa. Não resisti e entrei. A decoração é sui generis: nenhuma cadeira do bar faz par com outra e eu não sei se a dona as arranjou em um antiquário ou se foram sobras da casa dos amigos. Por falar nela, a dona é a única funcionária e não dá muita importância a esse negócio de ficar recepcionando o cliente: quem quiser bebida que vá no balcão pedir, o Lua da Bika é para quem gosta de boteco. É um lugar tranquilo para tomar uma bebida e conversar, sem gastar muito.

Rua da Bica Duarte Belo, 14

Aberto todos os dias, das 16h às 2h

O Lua da Bika esta localizado na Rua da Bica Duarte Belo, um dos cartões-postais de Lisboa

O Velho Eurico

Esse restaurante merecia um post inteiro só para ele, de tanta personalidade que o lugar tem. Localizado no bairro da Mouraria, é um must-see em Lisboa. O cozinheiro deve ter parte com o diabo por fazer uma comida tão gostosa. E o dono também, por conseguir oferecer um bacalhau bom assim por aquele preço. Mesmo tendo virado popular entre os turistas, o atendimento continua seguindo aquela “praticidade lusitana” sem muitos volteios de delicadeza.

No dia em que eu fui almoçar lá, na mesa à minha frente se sentaram dois amigos. Um deles era tinha tamanho para ser segurança de bordel e andava com a camisa aberta e um cordão de prata da espessura do meu dedo. Logo chegou a garçonete para tirar o pedido, bastante grávida mas que milagrosamente cabia no diminuto espaço entre as cadeiras. O restaurante cresceu em popularidade mas não em espaço: dentro do restaurante cabem quantas mesas são possíveis, porém o terraço é mais espaçoso. Em poucos minutos a moça chegou com uma feijoada portuguesa, que era o prato do dia, servida em uma travessa que daria para dar banho em um bebê – e vinha cheia de comida. Os dois amigos tentavam otimizar o espaço da mesa que já tinha uma garrafa de vinho, dois copos, uma cesta de pão, azeitonas, uma porção de batatas fritas, dois pratos e talheres. Tava difícil. “Pois, mas isto é grande demais”, um dos amigos reclamou da travessa. A garçonete respondeu com aquela simplicidade peculiar aos nossos patrícios: não é o prato que é grande, a mesa que é pequena.

Não existe prato grande demais n’O Velho Eurico. Não tenho outra palavra para descrever o meu prato “individual” do que um exagero – e foi o melhor bacalhau que eu comi em Portugal. Se você não conseguir dar conta da sua refeição, seu estômago que é pequeno.

Rua São Cristóvão, 3 – Mouraria

Aberto de 2ª a sab, das 12h às 16h e das 19h à meia-noite

Croqueteria

Mais um na categoria comidinhas para beliscar. A Croqueteria fica no Time Out Market Lisboa, um espaço gastronômico que tem opções maravilhosas mas não é exatamente um lugar barato. A história é assim: o Mercado da Ribeira é o mercadão de Lisboa, a feira mesmo, e tinha uma parte de restaurantes. Em 2014, essa área de refeições foi repaginada com a chancela da Time Out, o que resultou em um espaço gourmet com 40 stands. Lá você pode encontrar a cozinha de muitos chefs renomados de Portugal.

Vista superior de um pátio de refeições, com stands, mesas compartilhadas e bancos - restaurante barato em Lisboa

Time Out Market Lisboa – Mercado da Ribeira

No meio de tantas estrelas Michelin está a Croqueteria, para fazer a alegria de tantos mochileiros e outros apertados de grana em geral. É a única opção econômica de todo o mercado e não peca na qualidade. Por módicos 1,50 euro podemos comprar um croquete de comer rezando. Seja bem português e peça uma Imperial para acompanhar.

Time Out Market (Mercado da Ribeira): Av. 24 de Julho, 49

Aberto de dom a 4ª das 10h às 0h e de 5ª a sáb de 10h às 2h

Xícara de café em cima da mesa - restaurante barato em Lisboa

Para terminar esse post, um cafezinho. Ou uma bica, como dizem os portugueses.

1 Comment
  • Ruth Lima
    Posted at 10:40h, 19 julho Responder

    Adorei o post! Ótimas dicas! Quando voltar a Lisboa vou conhecer esses lugares.

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