
03 fev É seguro viajar para a Bolívia? + dicas de segurança
Viajar para a Bolívia é mais seguro do que se imagina. Eu passei 42 dias por lá (aqui tem mais das minhas andanças) e as cidades bolivianas são mais tranquilas que a brasileiras. A criminalidade urbana existe, há assaltos e furtos, porém em um nível bem menor que no Brasil.
Nesse post vão algumas dicas de segurança gerais, que servem para homens e mulheres. Para as meninas viajantes, tem mais informações aqui sobre viajar sozinha pela Bolívia.
- Os números de segurança na Bolívia
- Santa Cruz de la Sierra é perigoso?
- Roubos e furtos
- Segurança nas viagens de ônibus
- Estrangeiras correm mais risco
- Golpes em turistas
- Dinheiro falso
- Segurança nos táxis e aplicativos
- A polícia é corrupta
- Dicas de segurança na Bolívia
- Seguro viagem para Bolívia
Os números de segurança na Bolívia
Pra começar, a Bolívia tem índices de violência baixos, apesar da pobreza. No ranking homicídios intencionais, feito pela ONU em 2018, o país tem 9 homicídios por cem mil habitantes, beeem atrás do Brasil, que tem 30,5 homicídios por cem mil. No ranking das 50 cidades mais violentas do mundo (divulgado em 2019 também pela ONU) a Bolívia não aparece. Já o Brasil tem 14 cidades na lista. É mais seguro viajar para a Bolívia do que morar no Brasil.
Santa Cruz de la Sierra é perigoso?
Santa Cruz de la Sierra é a porta de entrada de muitos brasileiros que chegam no país. Por ser a maior cidade do país e ter um aspecto meio feio (lixo nas ruas, casas mal conservadas, carros velhíssimos), dá uma sensação de insegurança, mas não é bem assim. Os índices de criminalidade são baixos e especialmente os bairros centrais (onde estão os hostels e pontos turísticos) são seguros.
Apesar da má fama, a Bolívia não tem muitos crimes relacionados ao tráfico de drogas. Tanto não há um problema relacionado à guerra de facções (como existe no Brasil), como a incidência de assaltos por dependentes químicos é baixa, mesmo em cidades grandes como Santa Cruz de La Sierra. Apenas no extremo norte do país, na fronteira com o Peru e Brasil, que há problemas relacionados a isso. E nenhuma rota turística passa por lá.
A criminalidade tem aumentado em Cochabamba desde o início da década. O bairro de Coronilla, onde fica o terminal de ônibus, é o mais perigoso e registra muitos casos de assaltos a turistas.

Pracinha no centro de Santa Cruz de la Sierra
Roubos e furtos, a Bolívia é perigoso?
Saindo dos números, a minha experiência pessoal é que é difícil ouvir uma história de roubo (quando alguém toma suas coisas à força ou mediante ameaça). Nos 42 dias que estive lá e nos relatos de amigos, eu só soube de um assalto: um grupo de três australianos (duas mulheres e um homem), amigos de um roomate no albergue de La Paz, foi roubado e teve as mochilas levadas em Cochabamba.
O que é muito, muito comum são furtos (quando o ladrão leva alguma coisa sem que a vítima perceba). Em lugares muito cheios, como rodoviárias e mercados, os ladrões aproveitam do movimento para subtrair coisas de bolsas e bagagens. Atrações turísticas também são visadas, pois os viajantes andam com dólar, celular, câmera e muitas vezes “dão mole com os seus pertences”.
Tanto roubo quanto furtos são mais comuns em cidades grandes como La Paz, Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra.
Segurança nas viagens de ônibus
Se existe um lugar que eu recomendo atenção à segurança, é nas rodoviárias e nas viagens de ônibus.
Na rodoviária, as pessoas se aproveitam a movimentação de gente para furtar bagagens (inteira ou algo do conteúdo). É muito menos comum, mas a bagagem pode ser extraviada ao ser colocada ou retirada do bagageiro. Tome precauções mas, de todos os modos, eu não conheço ninguém que passou por isso, nem vi nenhum relato na internet.
Durante a viagem, há quem se aproveite do momento que o turista dorme para furtar a bagagem de mão, que fica esquecida no compartimento acima da sua cabeça. Durante as paradas, as pessoas podem se aproveitar da movimentação de gente para mexer das coisas. Cuidado redobrado com os vendedores ambulantes que sobem nos ônibus nas paradas. Muitos estão ganhando a vida honestamente, mas uns poucos aproveitam o trabalho “de fachada” para furtar os passageiros.
Estrangeiras correm mais risco
O Brasil é menos violento que a Bolívia, mas você, brasileira, tem uma desvantagem por lá: você é gringa, my friend. A Bolívia é um país pobre e as pessoas sempre acham que turista carrega muita grana e eletrônicos caros. Não importa se você tá fazendo cosplay de Tom Hanks náufrago, mochilando com orçamento 10 reais por dia, se seu celular não se desfaz graças à fita adesiva: os locais vão achar que você é rica. Em outras palavras: você é um alvo mais provável que uma boliviana, mas isso não quer dizer que vá ser assaltada ou furtada a cada esquina.
Golpes em turistas
É MUITO provável que tentem te enrolar. Muita gente tenta “tirar vantagem” dos turistas (que, na cabeça de muitos bolivianos, são pessoas ricas) com aqueles golpes clássicos de cobrar mais caro pelas coisas, dizer que a opção mais barata não está disponível, combinar um preço depois dizer que era outro, etc. Procure deixar tudo sempre muito claro nas negociações, porque o argumento de que “foi um mal entendido” é frequente.
Das pessoas que eu conheci na viagem, quase todo mundo foi vítima dessas pequenas pilantragens, mas nada grave (com exceção dessa história). São situações que fazem a gente passar raiva mas não apresentam um risco à nossa segurança. Comigo, o máximo que aconteceu foi eu ter percebido que eu tinha pago 10 bolivianos a mais em um ônibus interestadual que custava 70. Nada demais.
Felizmente, golpes sérios (sequestros relâmpago, boa noite cinderela, extorsão) são raros.
Dinheiro falso
Cédulas falsas são uma realidade na Bolívia – esse golpe assola tanto turistas quanto locais. Fique atento especialmente quando for fazer câmbio, porque pior que receber um troco falso é perceber que perdeu o dinheiro todo da viagem ou parte dele. Tem dicas de como evitar essa maracutaia lá no fim do post.

Algum brasileiro deixou essa “nota “falsa” em 2015 no memorial do Che Guevara, em Vallegrande
Segurança nos táxis e aplicativos
Os táxis na Bolívia não passam uma sensação de segurança: os carros são velhos, amassados, com bancos rasgados. Para piorar, não há legislação para o trabalho dos taxistas, ou seja, se você compra a plaquinha, coloca no seu carro e, voilá, você já é taxista!
Ao contrário do que poderia se esperar, pegar táxis na Bolívia não é perigoso. Eu sempre perguntava sobre a segurança nesse quesito nos albergues que eu fiquei e a resposta era unânime: é seguro. Eu não soube – nem li na internet – de nenhuma história de extorsão, sequestro ou estupro envolvendo taxistas. O que pode acontecer é tentarem te enrolar no valor da corrida. Na Bolívia não tem taxímetro, o preço é acertado com o motorista antes da corrida. Um golpe comum é informar o preço e, ao chegar ao destino, dizer que o valor era “por pessoa”.
Uber e outros aplicativos de mobilidade ainda não são comuns na Bolívia. Só funciona satisfatoriamente em Santa Cruz de la Sierra – existe alguns poucos carros operando em La Paz e Cochabamba.
A polícia é corrupta
A corrupção é uma realidade na Bolívia. Isso somado ao senso comum de que os gringos tem muita grana resulta que muitos agentes governamentais se aproveitam da vulnerabilidade dos estrangeiros – desconhecimento sobre a legislação, idioma e costumes locais – para tentar extorquir dinheiro.
Eu não passei por nenhum perrengue desse tipo mas presenciei um: em Santa Cruz, um turista alemão do que estava no mesmo hostel que eu foi detido porque portava a cópia do passaporte e não o original (o que não é obrigatório pela lei boliviana). Os policiais estavam pedindo 2000 bolivianos (uns 1200 reais pelo câmbio da época) pra liberá-lo e não deixavam ele ligar pra embaixada ou pro hostel. Traduzindo: o turista alemão foi sequestrado pela polícia. No final deu tudo certo, uma pessoa que tava com ele acionou o hostel, que acionou a embaixada e ele foi liberado. Mas ainda assim, eu considero esse caso bem grave.
Ainda que eu tenha presenciado esse episódio, esse tipo de extorsão que envolve sequestro é bem raro. Eu vi alguns relatos na internet contando que os agentes da fronteira que tentar engambelar o turista (exigindo, por exemplo, um comprovante de vacina desnecessário) e pediram dinheiro. Todos os casos que eu fiquei sabendo foram resolvidos na conversa – que não deixa de ser preocupante, porque o cara é um policial e você não sabe o que vai acontecer.
Dicas de segurança na Bolívia
Em resumo: fique muito atento a pequenos furtos, notas falsas e gente tentando te enrolar – são esses os problemas que costumam ocorrer com turistas por lá. De modo geral, é seguro viajar para a Bolívia e os crimes mais graves são raros (inclusive assaltos). Tome as medidas básicas de segurança e fique tranquila. Veja algumas dicas:
Ao sair na rua
- Evite andar sozinho à noite, especialmente por ruas pouco movimentadas. Os bolivianos não são boêmios, então, após às 20h as ruas ficam meio vazias, mesmo em cidades grandes. Se for andar de madrugada, vá em grupo.
- Aqueles cuidadinhos que a gente toma no Brasil valem lá também: não deixar carteira e celular à vista nos bolsos/bolsa, cuidado redobrado com a mochila em transporte público e aglomerações, esse tipo de coisa.
- Não deixe coisas de valor nem passaporte no quarto ou recepção do hotel ou albergue, pode rolar um furto. Utilize os lockers/cofres do alojamento e, de preferência, use o seu cadeado.
Rodoviárias e viagens de ônibus
- Novamente, os cuidadinhos do Brasil valem lá: mantenha sua bagagem junto a você em todos os momentos na rodoviária, não manuseie grandes somas de dinheiro nem eletrônicos caros em público, não vacile com a sua bolsa durante as paradas.
- Durante a viagem de ônibus, coloque dinheiro e objetos de valor em uma pochete, especialmente se for dormir, ou use a sua mochila de mão como travesseiro
- Não deixe sua mochila com objetos de valor no compartimento acima da sua cabeça
- Use cadeados na mochila que você vai despachar e, se possível, na bagagem de mão
- Se possível, acompanhe a colocação e a retirada das suas malas no bagageiro. Suba no ônibus só depois que a mala for despachada. Ao chegar no destino, desça e fique ao lado do bagageiro para retirada.
Dinheiro
- Na hora de trocar dinheiro, prefira as casas de câmbio aos cambistas ambulantes. Informe-se sempre no seu albergue/hotel (ou no centro de informações turísticas) onde é um lugar bom para trocar dinheiro. Em geral eles têm dicas de lugar (ou região) seguro e com taxas razoáveis.
- Cheque nota por nota quando receber o dinheiro, ainda na casa de câmbio: eles não aceitam reclamações posteriores.
- O uso de cartão de crédito não é muito difundido na Bolívia. Mas, para evitar a clonagem, use o cartão de crédito apenas em estabelecimentos confiáveis. Evite pagar com cartão no comércio informal, restaurantes de estrada e camelôs.
Táxis
- Para evitar que te cobrem a mais, sempre pergunte a alguém no hostel/restaurante/museu/etc que você estiver quanto custa a corrida até o seu destino. Em geral, eles sabem informar.
- Sempre, sempre combine o valor antes da corrida. Lá não tem taxímetro, o taxista pode cobrar qualquer valor e você não tem como argumentar. Pergunte se é o valor total ou por pessoa e se ele cobra qualquer outra taxa.
- Se você parar um táxi e ele te cobrar um preço muito alto, agradeça e dispense o táxi. Isso é normal, o motorista não se sente ofendido.
Golpes graves
- Você e quem estiver viajando junto, devem sempre ter o telefone da embaixada/consulado brasileiro no país. Essa informação você encontra no site do Ministério das Relações Exteriores. Mas isso é só pra casos graves, como o perrengue que o alemão passou. Pequenos golpes – dinheiro falso, furto de celular – não justificam assistência do consulado.
- Desaparecimentos e sequestros não são comuns na Bolívia, mas se você quiser uma precaução extra, deixe alguém no Brasil com o roteiro detalhado da sua viagem (que dia você vai estar em qual cidade, endereços de hospedagem, etc) e combine de entrar em contato diariamente.
Seguro viagem para a Bolívia
Apesar de não ser obrigatório, eu recomendo muito a contratação de um seguro viagem na Bolívia. Além de emergências médicas, os seguros cobrem roubo e extravio de bagagem e você estará bem mais protegida caso ocorra um imprevisto.
Eu sempre uso o Seguros Promo, um buscador de seguros de viagem. Ele faz a comparação entre os melhores preços e coberturas do mercado e fica mais fácil de achar. Por meio desse link e usando o cupom SAIAPELOMUNDO5 você tem 5% de desconto em todos os seguros.
No Portal Consular do Itamaraty há mais informações detalhada sobre precauções de segurança, vacinas e telefones de emergência.
Se você é uma mulher viajante, veja a minha experiência de viajar sozinha pela Bolívia.
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